Ainda que para alguns os valores das outorgas obtidos nos leilões de Alagoas e Rio de Janeiro possam significar que o marco regulatório já é um sucesso, é razoável considerar que os impactos desta lei e seus decretos, apenas começarão a ser efetivamente avaliados a partir de 2022.
Não se quer dizer que as mudanças já iniciadas não merecem bons augúrios, porém, pode-se dizer que a realidade começou a surgir no leilão dos lotes do Rio de Janeiro, se consolidou no Amapá, nos blocos B/C de Alagoas e no lote 3 do Rio. Concorrência baixa, outorgas surpreendentes…
É repetitivo, mas convém dizer, que não se mede o resultado da substituição de concessionários públicos e serviços autárquicos pela capacidade que os concessionários privados possam ter para pagar outorgas, já nem tão bilionárias como alguns esperavam.
O ano de 2022, com outros leilões e licitações, servirá para que se avalie com atenção os processos de regionalização e os efeitos das outorgas pagas, além da capacidade dos Estados para fiscalizar e regular os novos e os já conhecidos concessionários.
Os desafios de 2022 poderiam ser resumidos em temas como:
Um tema relevante que está direta e indiretamente presente em qualquer das modelagens de solução é a tarifa. Não precisa nem completar com “módica”, mas reconhece-la como o grande fiel deste processo iniciado parecer ser prudente e razoável.
O controle da tarifa é atividade iminentemente regulatória. A utilização de tarifas módicas é fator essencial para sustentabilidade dos serviços e dos contratos, exigindo análises urgentes sobre subsídios reais para o setor. Imaginar que os concessionários privados farão o subsídio cruzado virar realidade sem grandes aumentos tarifários é um risco relevante.
O passado recente, anos de 2020 e 2021, trouxeram expectativas e deram partida nas mudanças.
O presente, 2022, pode levar ao futuro desejado pela sociedade que é ter serviços de qualidade com tarifas que possam ser pagas e com opções que garantam água e esgotamento sanitário para pobres, muito pobres e miseráveis. Este desafio é muito maior para Governos que para concessionários.
Chegou 2022!
Por Álvaro Menezes - Diretor Geral da AMEC